segunda-feira, agosto 28, 2006
"Me voy a morir de tanto amor..."
Lucia y el Sexo, 2001.

Sensatez perdida, ando às voltas com pedaços de dor na minha cabeça. Peço-lhes que vão, que partam, que me partam a mim em dois, fiquem com metade de mim, não me importo, não quero saber, mas deixem-me esta metade, que preciso tanto que esteja inteira, ainda que meia.

Não posso carregar-vos eternamente, o peso é demais para mim, tenho que vos pousar, deixar cair, deixar que se façam em mil pedaços, em vez de me fazerem a mim em milhões de pedaços de mim, eternamente separados por pequenos terremotos, por linhas etéreas, que tenho que abandonar.

Deixa-me estar, dor, sem ti. Estou tão tranquila sem te sentir, deixa-me morrer de amor.




"feel my words with your tongue"

Sinto-me dividida entre dois mundos, entre duas línguas estranhas, que me assaltam os sonhos e a realidade, cada uma na sua vez. Como se não bastasse, tenho ainda outro idioma, que não me sai da cabeça, e me confunde as linhas tão rectas com que tento escrever estas letras novas.

Não sei ainda todo o alfabeto desta nova língua, que se enrola na minha boca e me deixa sem palavras. Eu? Sem palavras? Como se o céu já não fosse azul, e o sol já não brilhasse e no entanto me aquecesse mais e mais por dentro, a ponto de me derreter os pesadelos, os medos e as inseguranças.

Tirem-me os acentos, as cedilhas, tirem-me as raízes da minha língua, mas dêem-me novos alfabetos, inteiros, mágicos, novos sons na minha boca, ainda por descobrir.




sábado, agosto 05, 2006

Estes foram os primeiros dias do resto da minha vida.

As vezes, à noite, depois de um copo de vinho em terras que não são minhas e que me partem o coração a cada dia que passa, só para o reconstruir logo a seguir, releio alguns textos que escrevi.

Sou tão igual a mim mesma que dói. Esperamos sempre ser alguma coisa diferente daquilo que sabemos ser, como se construíssemos uma casa de palha e esperássemos entrar num palácio.

Mas de vez em quando, naquelas raras ocasiões em que deixo que os anjos me tirem do meu corpo, vejo o alinhamento perfeito de cada letra. Tenho uma obsessão por letras (ou não terei, não será minha esta densidade críptica, que me obriga a colocar cada uma de vós em sequencias que estranhamente, passam a ser palácios, como se fossem intervenção divina?), que me fazem tanta falta que às vezes me sinto presa a uma vontade, um desejo estranho, que me rouba das minhas capacidades humanas.

Os meus anjos tomam formas muito humanas, tão humanas que consigo sentir o sabor do sal que trazem na pele. Seria assim tanto o meu tédio?

Não consigo fechar os olhos e sonhar porque tudo agora me parece um misto de sonho e pesadelo. E se fechar os olhos vou acordar. Tenho as rotinas trocadas, os sonos pesados, a fome inconstante, os olhos molhados e o coração vazio. Vou acordar.

terça-feira, agosto 01, 2006

Duas coisas que me fazem feliz.

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